Myrtaceae

Eugenia pauciflora DC.

Como citar:

Mary Luz Vanegas León; Patricia da Rosa. 2019. Eugenia pauciflora (Myrtaceae). Lista Vermelha da Flora Brasileira: Centro Nacional de Conservação da Flora/ Instituto de Pesquisas Jardim Botânico do Rio de Janeiro.

NT

EOO:

377.463,502 Km2

AOO:

108,00 Km2

Endêmica do Brasil:

Sim

Detalhes:

Espécie endêmica do Brasil (Flora do Brasil 2020 em construção, 2019), com ocorrência nos estados: ALAGOAS, município Murici (Rodal 1306); BAHIA, municípios Cruz das Almas (Carvalho 2563), Ilhéus (Hage 1756), Itaberaba (Cardoso 369), Itacaré (Lopes 1083), Porto Seguro (Harley 17221), Santa Cruz Cabrália (Eupunino 231), Wenceslau Guimarães (Silva 4426); ESPÍRITO SANTO, municípios Aracruz (Sarnaglia 149), Cariacica (Assis 3186), Castelo (Manhães 300), Colatina (Assis 1629), Domingos Martins (Gomes 1906), Fundão (Demuner 1254), São Mateus (Hatschbach 58080), Santa Leopoldina (Assis 3747), Santa Teresa (Britto 86), Vitória (Pereira 7235); MINAS GERAIS, município Serro (Martius 1224)

Avaliação de risco:

Ano de avaliação: 2019
Avaliador: Mary Luz Vanegas León
Revisor: Patricia da Rosa
Categoria: NT
Justificativa:

Árvore de até 7 m, endêmica do Brasil (Flora do Brasil 2020 em construção, 2019) foi registrada em Floresta Ombrófila associada a Mata Atlântica nos estados de Alagoas, Bahia, Espírito Santo e Minas Gerais. Apresenta distribuição ampla, EOO estimado em 317796 km², porém sua população encontra-se severamente fragmentada. A agricultura é o principal responsável pela fragmentação do hábitat, nos estados da Bahia e Espírito Santo a maioria das propriedades particulares são fazendas produtoras de cacau (Alger e Caldas, 1996; Paciência e Prado, 2005; Landau, 2003) e na região da Cadeia do espinhaço (Minas Gerais) e no estado de Espírito Santo a silvicultura a nível industrial incentiva o desmatamento (Siqueira, et al. 2004; Silva et al., 2008). Além disso a região de ocorrência da espécie apresenta intensa especulação imobiliária (Simões e Lino, 2003) e a porcentagem de Mata Atlântica original nos estados de ocorrência é de 9,2% em Alagoas, 11,1% na Bahia, 10,5% no Espírito Santo e 10,2% em Minas Gerais (SOS Mata Atlântica e INPE, 2019). Não existem dados sobre tendências populacionais e não são descritos usos efetivos ou potenciais que comprometam sua sobrevivência na natureza. Eugenia pauciflora foi registrada dentro dos limites de Unidades de Conservação de proteção integral, ocorre no território de abrangência do Plano de Ação Nacional para a conservação da flora ameaçada de extinção da Serra do Espinhaço Meridional (Pougy et al., 2015) e em três territórios que serão contemplados com Planos de Ação Nacional - PAN. Diante do exposto, a espécie foi considerada quase ameaçada (NT), demandando ações de pesquisa (tendências e tamanho populacional) e conservação ex-situ a fim de se garantir sua perpetuação na natureza.

Último avistamento: 2014
Possivelmente extinta? Não
Severamente fragmentada? Sim

Perfil da espécie:

Obra princeps:

Descrita em: Prodromus Systematis Naturalis Regni Vegetabilis 3: 269. 1828.

Valor econômico:

Potencial valor econômico: Desconhecido
Detalhes: Não é conhecido o valor econômico da espécie.

População:

Detalhes: Não existem dados sobre a população.

Ecologia:

Substrato: terrestrial
Forma de vida: tree
Longevidade: perennial
Biomas: Mata Atlântica
Vegetação: Floresta Ombrófila (Floresta Pluvial)
Habitats: 1.6 Subtropical/Tropical Moist Lowland Forest
Detalhes: Árvores de até 7 m de altura (Rigueira 1), ocorrendo nos domínios da Mata Atlântica, na Floresta Ombrófila (= Floresta Pluvial) (Flora do Brasil 2020 em construção, 2019).
Referências:
  1. Eugenia in Flora do Brasil 2020 em construção. Jardim Botânico do Rio de Janeiro.Disponível em: <http://reflora.jbrj.gov.br/reflora/floradobrasil/FB10490>. Acesso em: 12 Set. 2019

Reprodução:

Detalhes: Foi coletada com flores em janeiro (Forzza 5412), maio (Assis 1629); e com frutos em: janeiro (Rigueira 1), março (Assis 3747), maio (Assis 1629), junho (Assis 3186), julho (Assis 3221), outubro (Carvalho 2563).
Fenologia: flowering (Jan~Jan), flowering (May~May), fruiting (Jan~Jan), fruiting (Mar~Mar), fruiting (May~Jul), fruiting (Oct~Oct)

Ameaças (4):

Estresse Ameaça Declínio Tempo Incidência Severidade
1.1 Ecosystem conversion 2.1 Annual & perennial non-timber crops habitat,mature individuals past,present,future regional very high
A área relativamente grande ocupada por categorias de uso do solo como pastagem, agricultura e solo descoberto, e a pequena área relativa ocupada por floresta em estágio avançado de regeneração revelam o alto grau de fragmentação da Mata Atlântica no Sul-Sudeste da Bahia (Landau, 2003, Saatchi et al., 2001). Grande parte das florestas úmidas do sul da Bahia estão fragmentadas como resultado da atividade humana realizadas no passado, tais como o corte madeireiro e implementação da agricultura (Paciencia e Prado, 2005). Estima-se que a região tenha 30.000 ha de cobertura florestal (Paciencia e Prado, 2005), 40.000 ha em estágio inicial de regeneração e 200.000 ha em área de pasto e outras culturas, especialmente cacau, seringa, piaçava e dendê (Alger e Caldas, 1996). A maioria das propriedades particulares são fazendas de cacau, o principal produto da agricultura (Paciencia e Prado, 2005), sendo a cabruca considerada a principal categorias de uso do solo na região econômica Litoral Sul da Bahia (Landau, 2003). Nas florestas litorâneas atlânticas dos estados da Bahia e Espírito Santo, cerca de 4% da produção mundial de cacau (Theobroma cacao L.) e 75% da produção brasileira é obtida no que é chamado localmente de "sistemas de cabruca". Neste tipo especial de agrossilvicultura o sub-bosque é drasticamente suprimido para dar lugar a cacaueiros e a densidade de árvores que atingem o dossel é significativamente reduzida (Rolim e Chiarello, 2004, Saatchi et al., 2001). De acordo com Rolim e Chiarello (2004) os resultados do seu estudo mostram que a sobrevivência a longo prazo de árvores nativas sob sistemas de cabruca estão sob ameaça se as atuais práticas de manejo continuarem, principalmente devido a severas reduções na diversidade de árvores e desequilíbrios de regeneração. Tais resultados indicam que as florestas de cabrucas não são apenas menos diversificadas e densas do que as florestas secundárias ou primárias da região, mas também que apresentam uma estrutura onde espécies de árvores dos estágios sucessionais tardios estão se tornando cada vez mais raras, enquanto pioneiras e espécies secundárias estão se tornando dominantes (Rolim e Chiarello, 2004). Isso, por sua vez, resulta em uma estrutura florestal drasticamente simplificada, onde espécies secundárias são beneficiadas em detrimento de espécies primárias (Rolim e Chiarello, 2004).
Referências:
  1. Alger, K., Caldas, M., 1996. Cacau na Bahia: Decadência e ameaça a Mata Atlântica. Ciência Hoje, 20, 28-35.
  2. Landau, E.C., 2003. Padrões de ocupação espacial da paisagem na Mata Atlântica do sudeste da Bahia, Brasil, in: Prado, P.I., Landau, E.C., Moura, R.T., Pinto, L.P.S., Fonseca, G.A.B., Alger, K. (Orgs.), Corredor de biodiversidade da Mata Atlântica do sul da Bahia. IESB/CI/CABS/UFMG/UNICAMP, Ilhéus, p. 1–15.
  3. Paciencia, M.L.B., Prado, J., 2005. Effects of forest fragmentation on pteridophyte diversity in a tropical rain forest in Brazil. Plant Ecol. 180, 87–104.
  4. Rolim, S.G., Chiarello, A.G., 2004. Slow death of Atlantic forest trees in cocoa agroforestry in southeastern Brazil. Biodivers. Conserv. 13, 2679–2694.
  5. Saatchi, S., Agosti, D., Alger, K., Delabie, J., Musinsky, J., 2001. Examining fragmentation and loss of primary forest in the Southern Bahian Atlantic Forest of Brazil with radar imagery. Conserv. Biol. 15, 867–875.
Estresse Ameaça Declínio Tempo Incidência Severidade
1.2 Ecosystem degradation 2.2 Wood & pulp plantations habitat past,present regional high
Muitos dos municípios que fazem parte da Cadeia do Espinhaço, a silvicultura é caracterizada por plantações de eucaliptos ou pinus, sendo o impacto alto porque leva a supressão vegetal causando perda de biodiversidade e fragmentação de habitats (Silva et al., 2008). Entre 1967 e 1986, o Governo Federal implantou o Programa de Incentivos Fiscais ao Reflorestamento que, no Espírito Santo, promoveu a ocupação de extensas áreas com plantios homogêneos, principalmente Eucalyptus e Pinus, mudando o enfoque da exploração florestal de áreas naturais para plantadas, alterando também o perfil industrial, de madeireiro para celulose, através da implantação de importante pólo de celulose nos cenários regional e nacional. Atualmente o Estado do Espírito Santo é o primeiro produtor e exportador mundial de celulose branqueada de fibra curta, representado pela Aracruz Celulose S.A. (Siqueira, et al. 2004)
Referências:
  1. Silva, J.A., Machado, R.B., Azevedo, A.A., Drumond, G.M., Fonseca, R.L., Goulart, M.F., Júnior, E.A.M., Martins, C.S., Neto, M.B.R., 2008. Identificação de áreas insubstituíveis para conservação da Cadeia do Espinhaço, Estados de Minas Gerais e Bahia, Brasil. Megadiversidade, 4(1-2):272-309.
  2. Siqueira, J.D.P., Lisboa, R.S., Ferreira, A.M., de Souza, M.F.R., de Araújo, E., Júnior, L.L., de Meirelles Siqueira, M., 2004. Estudo ambiental para os programas de fomento florestal da Aracruz Celulose SA e extensão florestal do Governo do Estado do Espírito Santo. Floresta, 34(2).
Estresse Ameaça Declínio Tempo Incidência Severidade
1.1 Ecosystem conversion 1 Residential & commercial development habitat past,present national very high
Vivem no entorno da Mata Atlântica aproximadamente 100 milhões de habitantes, os quais exercem enorme pressão sobre seus remanescentes, seja por seu espaço, seja pelos seus inúmeros recursos. Ainda que restem exíguos 7,3% de sua área original, apresenta uma das maiores biodiversidades do planeta. A ameaça de extinção de algumas espécies ocorre porque existe pressão do extrativismo predatório sobre determinadas espécies de valor econômico e também porque existe pressão sobre seus habitats, sejam, entre outros motivos, pela especulação imobiliária, seja pela centenária prática de transformar floresta em área agrícola (Simões e Lino, 2003).
Referências:
  1. Simões, L.L., Lino, C.F., 2003. Sutentável Mata Atlântica: a exploração de seus recursos florestais. São Paulo: Senac.
Estresse Ameaça Declínio Tempo Incidência Severidade
1.1 Ecosystem conversion 5.3 Logging & wood harvesting habitat,mature individuals past,present national very high
Dados publicados recentemente (Fundação SOS Mata Atlântica e INPE, 2018) apontam para uma redução maior que 85% da área originalmente coberta com Mata Atlântica e ecossistemas associados no Brasil. De acordo com o relatório, cerca de 12,4% de vegetação original ainda resistem. Embora a taxa de desmatamento tenha diminuído nos últimos anos, ainda está em andamento, e a qualidade e extensão de áreas florestais encontram-se em declínio contínuo há pelo menos 30 anos (Fundação SOS Mata Atlântica e INPE, 2018).
Referências:
  1. Fundação SOS Mata Atlântica e INPE, 2018. Atlas dos remanescentes florestais da Mata Atlântica. Período 2016-2017. Relatório Técnico, São Paulo, 63p.

Ações de conservação (3):

Ação Situação
5.1.2 National level on going
A espécie ocorre no território de abrangência do Plano de Ação Nacional para a conservação da flora ameaçada de extinção da Serra do Espinhaço Meridional (Pougy et al., 2015).
Referências:
  1. Pougy, N., Verdi, M., Martins, E., Loyola, R., Martinelli, G. (Orgs.), 2015. Plano de Ação Nacional para a conservação da flora ameaçada de extinção da Serra do Espinhaço Meridional. CNCFlora : Jardim Botânico do Rio de Janeiro : Laboratório de Biogeografia da Conservação : Andrea Jakobsson Estúdio, Rio de Janeiro. 100 p.
Ação Situação
5 Law & policy needed
A espécie ocorre em um território que será contemplado por Plano de Ação Nacional (PAN) Territorial, no âmbito do projeto GEF pró-espécies: todos contra a extinção: Território Centro Minas - 10 (MG), Território Espírito Santo- 33 (ES) e Território Milagres - 39 (BA).
Ação Situação
1.1 Site/area protection on going
A espécie foi coletada em: PARQUE ESTADUAL DE MATA DAS FLORES (PI), ÁREA DE PROTEçãO AMBIENTAL MUNICIPAL DO MONTE MOCHUARA (US), PARQUE ESTADUAL DA FONTE GRANDE (PI), PARQUE NATURAL MUNICIPAL DO MONTE MOCHUARA (PI), RESERVA PARTICULAR DO PATRIMÔNIO NATURAL RANCHO CHAPADAO II (US), ÁREA DE PROTEÇÃO AMBIENTAL DO PICO DO GOIAPABA-AÇU (US), PARQUE NATURAL MUNICIPAL GOIAPABA-AçU (PI), ÁREA DE PROTEÇÃO AMBIENTAL COSTA DE ITACARÉ/ SERRA GRANDE (US), ESTAÇÃO ECOLÓGICA ESTADUAL WENCESLAU GUIMARÃES (PI), ÁREA DE PROTEÇÃO AMBIENTAL CAMINHOS ECOLÓGICOS DA BOA ESPERANÇA (US), ÁREA DE RELEVANTE INTERESSE ECOLÓGICO SERRA DO OROBÓ (US), ÁREA DE PROTEÇÃO AMBIENTAL DE MURICÍ (US).

Ações de conservação (1):

Uso Proveniência Recurso
17. Unknown
Não existem dados sobre usos efetivos ou potenciais.